Rudi Völler criticou severamente a planeada reforma da Liga dos Campeões pela UEFA. No período que antecedeu as reuniões dos membros da Associação Europeia de Clubes, previstas para quinta-feira e sexta-feira em Malta, o director-geral do Bayer Leverkusen não impediu a sua aversão e opõe-se também a um conflito com o chefe do Bayern, Rummenigge, e o chefe do BVB, Watzke.
“Terrível e mortal”, Völler chamou a proposta do chefe da ECA e presidente da Juventus, Andrea Agnelli, segundo a qual, a partir de 2024, apenas quatro dos 32 lugares iniciais na categoria rainha serão atribuídos através da colocação nas ligas nacionais. 24 equipes seriam semeadas pela participação do ano passado, outras quatro equipes se qualificariam via Liga Europa.
“Esta é a sentença de morte do futebol quando você não precisa mais se qualificar para competições europeias”, disse Völler ao dpa. De acordo com o diretor geral da Bayer, quem quiser fazer isso terá de ser “idiota”. Ele espera “que todos caiam em si”.
Com seu vocabulário duro, Völler também participou de um curso de confrontação com o CEO da Baviera, Karl-Heinz Rummenigge, e o diretor executivo da BVB, Hans-Joachim Watzke. Ambos se aproximaram recentemente do curso Agnelli em suas declarações.
“Esta reforma da Liga dos Campeões ou da Superliga está chegando de qualquer maneira. Devemos agora tentar integrar o máximo possível dos nossos interesses alemães, o que corresponde aos sentimentos alemães”, declarou Watzke em maio. Watzke terá argumentado de forma semelhante no dia 15 de Maio, no decurso da assembleia geral da liga.
“Aki, não fales dessa treta”, Völler contrariou já neste dia em que os 36 clubes da 1ª e 2ª Bundesliga se pronunciaram contra as propostas de reforma de Agnelli.
Ao contrário de Watzke, Rummenigge sempre se posicionou alternadamente a favor e contra a reforma. Na sua última entrevista ao Der Spiegel, ele perguntou porque é que alguma coisa tinha de ser mudada. A Liga dos Campeões é “de longe a melhor e mais difícil de vencer a competição do mundo”, invejada pelos clubes europeus em todo o mundo.
A profundidade do fosso no futebol de alto nível europeu causado pelo projecto Agnelli é demonstrada pelo desacordo na Primera Division. Enquanto o Real Madrid e o FC Barcelona apoiam os planos, o resto do campeonato, liderado pelo Atlético, distanciou-se dos clubes de topo numa carta de protesto. Só na Premier League é que a proposta de reforma foi rejeitada por unanimidade.
E a resistência aos planos de Agnelli está crescendo. Por exemplo, o presidente da FIFA, Gianni Infantino, foi crítico em várias ocasiões – mas também motivado pelos seus próprios interesses. Uma superliga europeia competiria com o seu novo produto de topo, um campeonato mundial de clubes com 24 equipas, tanto desportiva como economicamente.
As vozes críticas também estão a vir cada vez mais da política. O Presidente francês Emmanuel Macron interveio no debate. Não era “uma boa ideia sacrificar a viabilidade do nosso modelo em benefício de alguns a nível europeu”, explicou Macron. Uma declaração com a qual o Presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, estava zangado: “O discurso do Presidente é uma clara interferência da política no desporto, o que nos surpreende muito”.